Na última
semana, diversos documentos
confidenciais de uma das maiores empresas de vigilância do mundo, a Gamma, foram
divulgados por um delator anônimo.
Os papéis revelam detalhes de ferramentas e programas utilizados para
vigilância, mas o que mais chamou a atenção é o que a companhia não consegue fazer: invadir um IPhone.
De acordo com o
jornal The Washington Post, vários documentos mostravam o funcionamento de um spyware - software que
recolhe informações sem o consentimento do usuário - chamado FinSpy, que depois de
instalado em um smartohone, pode transformá-lo em um poderoso dispositivo de vigilância. Os usuários
do malware conseguem
ouvir as chamadas de voz, ler mensagens, roubar os contatos, ativar o
microfone, rastrear a localização, entre outros recursos.
Porém, a Gamma
só é capaz de acessar estes dados nos telefones com Android, em alguns
aparelhos Blackberry e nos sistemas operacionais mais antigos da Microsoft.
Nos dispositivos com iOS, o programa encontra diversos empecilhos. Segundo os
documentos que vazaram, só é possível ter acesso aos dados dos telefones com o sistema operacional da Apple depois
que o usuário é infectado com um jailbreak, que cria brechas
de acesso para o spyware.
Com certeza,
esta é uma ótima notícia para
os usuário do iPhone e para a própria Apple, mas por que apenas a companhia consegue se blindar contra
este tipo de ação? A empresa possui um processo extremamente fechado durante a criação dos seus produtos, só coloca
no mercado os softwares finalizados
e oferece poucas opções de personalização.
Tudo isso faz com que os produtos se tornem mais seguros, já que a criptografia do programa impede inclusive as
alterações solicitadas pelos próprios usuários.
Por outro lado,
o Android é um sistema operacional maleável. O Google é responsável pelo
desenvolvimento, mas a personalização fica por conta do fabricante que o utilizará. Com isso,
é possível incluir e excluir programas
e recursos, o que pode deixar o aparelho mais vulnerável. Hoje, há também telefones de diversos
modelos, confeccionados por diferentes fabricantes e em países diversos,
tornando impossível para o Google ter controle sobre as alterações ou criar recursos eficientes para proteger
o sistema.
De acordo com o
The Washington Post, o cenário
fica ainda mais alarmante quando analisamos o consumo dos smartphones no mundo.
Hoje, o Android domina a maior parte do mercado e possuem aparelhos de diversos modelos e
preços, acessíveis para grande
parte da população, mesmo sendo considerado o sistema operacional mais
desprotegido.
Em uma palestra
no mês passado, o diretor da União
Americana dos Direitos Civis, Christopher Soghoian, falou sobre a
importância de manter a
criptografia nos aparelhos eletrônicos, e como ela pode ser
vital para a proteção da
população de países em crise: “A tecnologia pode protegê-lo de
seu próprio governo, ou do governo de outras pessoas. Se você vive em um país autoritário, o recurso de
criptografia de disco embutido [no sistema operacional] pode ser o que te
manterá seguro”.
A preocupação é agora respaldada pelas
descobertas feitas pelos jornalistas investigativos, que estão analisando à exaustão os
documentos do grupo Gamma. Até agora, já se sabe que o FinSpy está infiltrado em
computadores dos Estados Unidos, Grã-Bretanha e Rússia, e que está sendo usado contra advogados
e ativistas no Bahrein.
Totalmente blindado?
Apesar de a
companhia ter dificuldades
de invadir o iPhone, isso não significa que seus usuários estejam completamente
seguros. Sabe-se que há diversos
recursos que podem ser utilizados para abrir uma brecha no sistema,
como a própria Gamma fez no passado, utilizando um jailbreak.
As empresas de vigilância podem
conseguir invadir um dos computadores
sincronizados com o smartphone e entregar o software malicioso a partir do
iTunes, por exemplo, ou um especialista pode encontrar uma falha, conhecida
como “dia zero”, e vendê-la
ao mercado expondo os aparelhos da Apple.
Nada impede,
por outro lado, que os usuários
com Android – apesar de este ser considerado o sistema mais
vulnerável – ativem a
criptografia em disco, tornando os aparelhos mais seguros.
O que você
acha? Este é apenas mais um tópico
na briga Android versus iOS, ou é um fator realmente relevante na
decisão dos usuários? Conte para nós nos comentários!
0 comentários:
Postar um comentário